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O brasileiro está comendo menos arroz e feijão e aumentando o consumo de ultraprocessados. Entre crianças de 5 a 9 anos, 90% consome ultraprocessados como biscoitos.
De cada 100 tíquetes de compra em supermercados, 67 tem refrigerante, 34 tem biscoito entre os itens, 8 tem arroz e 6 tem feijão. O que está acontecendo?
Um dos fatores é o empobrecimento da população, a falta de acesso a alimentos in natura ou minimamente processados e também a insegurança alimentar, que vem aumentando em nosso país desde o início da pandemia.
A proporção de jovens entre 18 e 24 anos com IMC (índice de massa corporal) maior que 30, dobrou nos últimos 10 anos, passando a afetar 12% da população nesta faixa etária.
No caso das crianças, a má alimentação é um grande vilão. Macarrão instantâneo, salgadinhos, sucos de caixinha, biscoitos, bolachas e refrigerantes não só aumentam o risco de se tornarem obesos como o de desenvolver doenças crônicas como diabetes e pressão alta.
Os ultraprocessados são pobres em valor nutricional, ricos em calorias e grande quantidade de açúcar, sal e gordura. Lembra da nova rotulagem com a lupa? A indústria está se adaptando e modificando sua formulação para fugir da lupa. Então, fique atento a lista de ingredientes. Quer aprender sobre a nova rotulagem? Acesse aqui.
Um exemplo do absurdo que é colocado nestes produtos. Um pacote de salgadinho de 140g contem 500mg de sódio, em média que é 25% do total de sódio que devemos consumir em 1 dia. Um refrigerante de 350ml, tem 37g de açúcar. O valor diário recomendado pela OMS (Organização Mundial da Saúde) é de 50g por dia.
O Ministério da Saúde divulgou um dado alarmante: o número de brasileiros que sofrem do mais grave nível de obesidade pulou de 3% da população em 2019 para 4% em 2022. Isso significa que mais de 860 mil pessoas tem IMC acima de 40. Um aumento de 30% em apenas 4 anos.
E, além de estar comendo pior, em termos de nutrientes, o brasileiro não está se movimentando o mínimo recomendado pela OMS que é 150 minutos de atividade física por semana. Antes da pandemia, 4 em cada 10 brasileiros faziam atividade física regular, dentro dos minutos preconizados pela OMS. No primeiro trimestre de 2023, este número caiu para 3 em cada 10 brasileiros. A falta de atividade física regular, contribui para o aumento do peso.
O aumento destes indicadores levam à mortalidade precoce, aumento de gastos na área da saúde e sobrecarga do sistema hospitalar. Em números: um grupo de pesquisadores estimou em 2019 um gasto de 1,4 bilhão de reais com doenças crônicas não transmissíveis relacionadas ao excesso de peso. Foram 128 mil mortes, 496 mil hospitalizações e 32 milhões de procedimentos ambulatoriais, feitos no SUS (Sistema Único de Saúde) atribuíveis ao sobrepeso e obesidade. Saiba mais aqui.
O que é necessário fazer? Políticas públicas que permitam que toda a população tenha acesso a alimentos frescos. Educação, ensinando a população sobre alimentos saudáveis, os riscos de uma alimentação baseada em ultraprocessados, as doenças geradas por este tipo de produto. A importância de se mexer. Pular corda, caminhar, correr, dançar, são atividades simples, de baixo custo e podem fazer a diferença na saúde das pessoas.
Muitas das ações e escolhas dependem de nós. Nós podemos cobrar os vereadores de nossa cidade, para criarem leis que impeçam a oferta de ultraprocessados em escolas, como foi feito recentemente no Rio de Janeiro. Podemos pressionar o poder público para termos acesso a alimentos frescos, o poder legislativo pode sobretaxar alimentos não saudáveis, como foi feito com o cigarro, por exemplo.
Só não podemos nos calar para uma situação desafiadora que tem crescido de forma assustadora em tão pouco tempo.
Luz e paz.
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